Acredite no amor, por favor.



Há mais ou menos três anos, por conta de uma promoção no emprego, tive que mudar o meu horário no colégio. Estava no meu último ano do ensino médio, então, não seria tanto sacrifício. Não ficaria muito tempo nesta sala de aula, portanto não precisaria fazer novos amigos. Na mesma época, estava em uma fase de um relacionamento que chamo de “o começo do fim”, onde as brigas aumentam e a proposta de terminar fica cada vez mais atraente.
 
No começou das aulas foi tudo normal, como deveria ser. Fiquei um bom tempo sem conversar com ninguém da sala. Não sou antipática, na verdade sou apaixonada por pessoas. Adoro vê-las interagir, se expressar. Gosto de analisar a todos ao meu redor. O problema sempre foi minha interação com elas; não tenho jeito pra isso. Dificilmente, após tanto observar, alguma pessoa chame tanto minha intenção que eu me proponha a conhecê-la melhor.
 
Mas aconteceu naquela sala de aula. Havia uma menina, muito tímida, mas que já havia sido a mais popular da escola. E sempre escrevendo – ela escrevia a aula toda -, comecei a perceber que, de longe, eram as matérias dadas pelos professores. Fiquei curiosa para saber como aconteceu essa ascensão social e como uma garota que, antes, brilhava nos corredores, hoje se escondia tímida no fundo da sala e quais confidências escrevia sem parar.
 
Nunca juguei a maturidade de uma pessoa pela sua idade, mas sim por sua trajetória. Ana era nova, tinha 18 anos, mas guardava no coração a história mais bonita que ouvi até hoje. Ela era de uma religião específica e, nessa, aprendeu que seu primeiro amor seria o, então, seu marido.  E com essa visão de romantismo, conheceu Rodrigo.
 
Os dois eram da banda de sua igreja e se encontravam em todas as reuniões. Resolveram, então, começar sua jornada, conversaram com os pais e com a figura maior de sua instituição religiosa, e começaram a orar juntos para que Deus abençoasse seu relacionamento. A sua fé os juntava e, cada vez mais, amavam um ao outro.
 
Quando já quase completava um ano e iriam oficializar aquela união, houve a primeira briga. Algo bem banal, um havia ligado por outro e, por algum motivo, o outro não havia atendido. Ficaram três dias sem se falar; um tempo grande pra quem não se desgrudava.
 
Após esses dias, Ana não aguentou e resolveu engolir o orgulho e procurar Rodrigo, mas antes dela começar a discar, o telefone toca. Era a mãe de Rodrigo dizendo que ele não passou bem e que estava no hospital. Infelizmente o pior aconteceu e Rodrigo faleceu. Por causas indeterminadas pelos médicos; causas naturais.
 
O mundo de Ana acabou. Já não havia mais nada e o futuro que seria lindo e que tanto sonhava e planejava, havia desmoronado de repente. Largou a escola, passou um ano inteiro na mais profunda depressão. Deixou de frequentar as reuniões de sua igreja. Mas como ela mesma me relatou “nem por um minuto deixou de acreditar ou questionou a Deus”.
 
Após essa fase, encontrou ainda mais forças em sua fé e conseguiu voltar sua vida ao normal. Perguntei o que tanto escrevia, e ela me explicou; Apesar do ocorrido, ela não desistiria do amor, sabia que a pessoa certa estaria em seu caminho e se preparava pra isso. Escrevia todo dia cartas para seu futuro amor, e como estava sendo a sua jornada para encontrá-lo.
 
Então, me mostrou uma caixinha, parecida com um bauzinho. Onde havia papel de balas, recadinhos e as próprias cartas. Pude ler algumas, e elas enchiam meus olhos de lágrimas. Eu entendia o que a Ana sentia, pois vivi (e vivo) minha vida inteira assim. Não sei se por influência demais dos contos de fadas, mas sempre vivi à procura do meu príncipe encantado, do meu verdadeiro amor, do meu “felizes para sempre”.
 
Então, peço pra você, que agora conhece a historia da Ana, que não desista do amor. Mesmo se estiver no “inicio do fim”, não desista. Hoje, pode não ter dado certo, mas com alguém dará. O amor da sua vida está por aí, te esperando. E a estrada que te leva até ele, por mais tortuosa que seja, é o que fará o final feliz valer a pena.

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